terça-feira, fevereiro 03, 2009

O tempo

Ai, o tempo!
Mas afinal de que tempo se fala?
Daquela coisa que passa e se vê nos relógios ou calendários?
Ou daquela coisa que está? Se é chuva, se é vento? Se é frio? Se está feio? Não falo de sol, tempo bonito ou temperaturas agradaveis porque sou um fatalista e gosto de me queixar.

Falo da segunda. E porquê? Porque não sei de que mais hei de falar, e quando é assim, fala-se do tempo. Um exemplo:

-Tá fresquinho, hoje.
-É verdade, e dão chuva para amanhã.
-Pode ser que não, eles são todos uns mentirosos.
-Pois.

Um pequeno exemplo que tem muito para analisar. Em primeiro lugar. a ausência de exclamações. Mas isso é porque a conversa é aborrecida. Depois as frases.

"-Tá fresquinho, hoje." É só um desbloqueador de conversa.

"É verdade, e dão chuva para amanhã." A conversa continua com concordância e um dado novo.
Mas o interessante é a refência a uma certa entidade ainda que implicitamente. Eles.

"Pode ser que não, eles são todos uns mentirosos." Alguma esperança, mas que advem de uma desconfança intrínseca ao conceito de eles.

A conversa morre já aqui. Mas como já começou a comunicação, pode-se continuar a falar sobre qualquer assunto.

Mas sobre essa entidade, eles. Quem são? Evidentemente, os gaijos da meteorologia.
São tidos como mentirosos mas toda a gente anda atenta ao que dizem para organizar sua a vida.

Seria interessante fazer um inquérito de opinião. Acha que eles são mentirosos? E os políticos? Quem é mais?
É que os políticos ainda ganham votos a mentir. Mas eles ganham o quê? Nada. A não ser que gostem de ver o pessoal a andar de chuso em dias de sol e a andar em mangas no meio de um vendaval. Só pode.

É por essas e por outras que não ligo ao que eles dizem. Só gosto de ver o Antímio e de ouviro Mário Crespo a falar de alguma efeméride napoleónica.

Acabei por falar sobre eles e não sobre o tempo. Mas isso só vem dar credibilidade ao que eu digo.

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